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COVID em crianças, o que sabemos até agora?

Tendo início no final de 2019, a infecção pelo coronavírus rapidamente se espalhou pelo mundo, resultando numa pandemia global. A apresentação clínica da infecção pela COVID-19 pode variar de assintomática até quadros graves de pneumonia com insuficiência respiratória, disfunção de múltiplos órgãos, evoluindo com óbito.

Crianças de todas as idades podem ser contaminadas pelo vírus. Mais de 16 milhões de testes confirmados de COVID em crianças foram reportados ao CDC (Center for Disease Control and Prevention) nos EUA, sem contar as crianças que não foram testadas ou que os testes não foram reportados. Em dezembro de 2022, a soro prevalência estimada nas crianças entre 6 meses e 17 anos foi de 96,3%.

Sabemos que algumas crianças sob condições médicas especiais têm risco aumentado para doença grave, como as com doenças genéticas, neurológicas, metabólicas e com cardiopatia congênita, crianças obesas, com diabetes, com doença pulmonar crônica, imunossuprimidas e as não vacinadas.

Os sintomas podem ser bem variados: febre, tosse, falta de ar, dor no corpo, secreção nasal, dor de garganta, dor de cabeça, náuseas e vômitos, dor abdominal, diarréia, perda do olfato ou paladar. Em bebês menores de 12 meses, outros sintomas também podem estar presentes como: dificuldade para se alimentar (perda de apetite), febre sem outra causa aparente, bronquiolite (inflamação dos pulmões) e apnéia (pausa respiratória).

Uma complicação rara, porém grave, associada ao COVID-19 em crianças é a SIM-P (síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica) e inclui febre persistente, hipotensão, sintomas gastrointestinais, lesões na pele, miocardite (inflamação do coração) e alterações dos exames laboratoriais, como o aumento das provas inflamatórias. Sintomas respiratórios podem estar ausentes nestas condições. Nesses casos a criança deve ser internada e receber tratamento específico.

Também foi descrito em crianças uma infecção prolongada pelo COVID-19 com sintomas mais graves e incomuns, como: embolia pulmonar, miocardite, falência renal aguda, diabetes mellitus, doenças hemorrágicas, distúrbios de paladar e olfato, além de arritmias.

Sendo assim, como forma de prevenção desta infecção, a manutenção das medidas de higiene devem ser sempre mantidas (lavagem de mãos, uso de máscara e distanciamento social), isolamento dos casos suspeitos e confirmados, além da realização da vacina.

A vacinação infantil contra a COVID-19 pode ser realizada com diferentes vacinas:
Vacina vírus inativado Sinovac/Butantan: composta por antígeno do vírus inativado SARS-COV-2
Vacina COVID-19 recombinante AstraZeneca/Fiocruz: contém partículas virais do vetor adenovírus recombinante que expressa uma glicoproteína SARS-COV-2 spike
Vacina RNAm Pfizer: contém RNAm que codifica a proteína spike do SARS-COV-2

O esquema vacinal é dividido por faixa etária:
Crianças de 6 meses a menores de 3 anos: recebem a Pfizer Baby (tampa vinho). São 3 doses, com intervalo de 4 semanas entre as 2 primeiras e de 8 semanas entre a segunda e a terceira.
Crianças de 3 e 4 anos: recebem Coronavac. São 2 doses com intervalo de 28 dias.
Crianças de 5 anos a 12 anos: recebem a vacina Pfizer Pediátrica (tampa laranja) ou Coronavac. O esquema básico é de duas doses, com intervalo de 21 dias para Pfizer e 28 dias para Coronavac.
Adolescentes de 12 a 17 anos: devem receber a primeira dose da Pfizer. A segunda dose deve ser feita em 21 dias e a terceira dose após 4 meses.

 As crianças que já tiveram COVID devem receber o esquema vacinal completo normalmente, uma vez que uma infecção prévia não é capaz de impedir o risco de reinfecções. O objetivo da vacina é prevenir a ocorrência de complicações da doença e suas formas graves, evitando a necessidade de hospitalização e internação em UTI. A vacinação pode ser realizada após 30 dias do desaparecimento dos sintomas.  

As vacinas contra COVID-19 são seguras e eficazes. As reações vacinais mais comuns são vermelhidão no local da aplicação, febre, dor de cabeça, vômito e perda de apetite. São reações muito semelhantes às provocadas por outras vacinas do calendário infantil. O intervalo recomendado para aplicação de outras vacinas em crianças menores de 12 anos deve ser de 15 dias. Todas as crianças têm o direito de serem vacinas e estarem protegidas contra a COVID-19. Vacine sua criança também!

Dra. Marith Berber
Pediatra e Intensivista
CRM 113.494 / RQE 29.387 / RQE 29.387-1