
O Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que a introdução dos alimentos seja feita aos seis meses (mesmo para crianças que consomem fórmula infantil), quando o desenvolvimento neuropsicomotor e os sistemas digestivo e renal estão plenamente prontos para receber alimentos diferentes dos líquidos.
É um novo período para o bebê, de muitas experiências e descobertas e só estará completo quando o bebê completar 2 anos de vida! O período inicial que vai de 6 meses a 1 ano é a fase marcada pela curiosidade e exploração. O bebê toca, cheira, observa e esmaga os alimentos e nessa fase a quantidade ingerida pode ser pouca! Leite continua sendo o alimento que mais contribuiu para obtenção dos nutrientes e sua oferta vai sendo gradativamente diminuída, conforme a aceitação dos outros alimentos aumenta.
Na fase intermediária, que vai até 1 ano e 6 meses, o bebê sabe que a comida alimenta e começa a comer por fome. Ainda precisa de uma referência para imitar, sendo muito importante que o bebê seja inserido na rotina alimentar da família e não coma sozinho! Diversos fatores influenciam na aceitação alimentar, que pode ser impactada pela erupção dentária, quadros infecciosos (como resfriados) e qualidade de sono.
Na última fase, até os 2 anos, o bebê pode começar a demostrar suas preferências alimentares e a seletividade pode aparecer. Mesmo que você acredite que o bebê vai recusar determinado alimento, é importante manter a oferta, pois essa recusa pode ser transitória.
Como higienizar frutas e hortaliças?
1. Selecione retirando as folhas e partes deterioradas
2. Vegetais folhosos devem ser lavados em água corrente, folha a folha, e as frutas e legumes, um a um
3. Colocar de molho por 10 min e solução de hipoclorito de sódio 2,5% (20 gotas de hipoclorito para um litro de água)
4. Enxaguar
5. Para reduzir o risco de contaminação dos alimentos por agrotóxicos, podemos utilizar bicarbonato de sódio a 1% (imergir os alimentos por 10 min em uma solução com 1 colher de sopa de bicarbonato para um litro de água)
6. Enxaguar
7. Manter sob refrigeração até a hora de servir
Conforme o Guia do Ministério da Saúde (2019), o número de refeições por idade é:
6 meses: 3 refeições (incluindo almoço e/ou jantar + 2 frutas)
7 a 11 meses: 4 refeições (incluindo almoço e jantar + 2 frutas)
A partir de 12 meses: 5 refeições
Não estipule horários rígidos, adequando a oferta dentro da rotina da criança e da família, respeitando intervalo de 2 a 3 horas. O leite materno não entra nessa conta e pode ser mantido aleitamento livre demanda. Caso ofereça fórmula, o ideal é aguardar 40 minutos após as refeições, pode atrapalhar a aborção do ferro. Desta forma, a rotina vai sendo estabelecida naturalmente.
Como compor o prato do bebê?
A criança deve escolher qual a quantidade deseja comer, mas no prato é preciso conter um alimento de cada grupo descrito abaixo, conforme exemplos. O importante é variar! Inicie oferecendo até duas colheres de sopa no total e aumente a oferta conforme aceitação.
Carboidrato: arroz, batata, mandioquinha, polenta, macarrão, batata-doce
Leguminosa: feijão, grão-de-bico, lentilha, ervilha
Proteína: carne de vaca, carne de frango, peixe, ovo, frutos-do-mar
Hortaliças: espinafre, brócolis, couve, agrião, acelga, repolho
Legumes: abobrinha, chuchu, berinjela, cenoura, beterraba, pepino
No preparo, dê preferência para utilizar azeite de oliva, manteiga ou óleo do coco. Está liberado uso de ervas frescas e especiarias, assim a comida ganha um sabor especial! E lembre-se, o uso de sal só é recomendado a partir de 1 ano.
Alimentos preparados que não serão prontamente consumidos, devem ser armazenados na geladeira, por até 3 dias. Alimentos descongelados não devem ser congelados novamente. Armazene sempre em potes pequenos, sendo as forminhas de gelo uma excelente opção! Lembrar de identificar a data em que o alimento foi preparado e armazenado.
Em relação às frutas, não existe restrição, todas podem ser oferecidas. Dê preferência às frutas da estação, que são mais saborosas e suculentas. Não use mel, açúcar ou adoçante no preparo! Não faça suco, além da quantidade de frutose ingerida ser muito maior, ao processar a fruta, perdemos fibras e vitaminas.
A água deve ser oferecida com o início da introdução da alimentação complementar, sem quantidade estabelecida. Tomar água deve ser um hábito estimulado ao longo de todo o dia. Assim como o suco, chás e água de coco também não devem ser oferecidos antes de 1 ano.
Fique atento aos sinais de saciedade do bebê! Se ele estiver virando o rosto, empurrando a colher para longe da boca ou jogando a comida no chão, está provavelmente satisfeito e chegou a hora de parar de oferecer. Respeitar esses sinais é importante para ensinar o bebê a comer a quantidade necessária para sua saciedade e prevenir a obesidade.
Dra. Marith Berber
Pediatra e Intensivista
CRM 113.494 / RQE 29.387 / RQE 29.387-1