
Provavelmente você conhece alguma criança que tenha esse diagnóstico ou já deve ter ouvido falar a respeito! O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do desenvolvimento neurológico, caracterizado por dificuldade de comunicação e interação social e pela presença de comportamentos e/ou interesses repetitivos, ou restritos. É permanente, mas a intervenção precoce pode alterar o prognóstico e suavizar os sintomas.
Em alguns bebês, os sintomas são aparentes logo após o nascimento, mas na grande maioria das vezes são identificados entre os 12 e 24 meses.
Podem ser sinais sugestivos de TEA no primeiro ano de vida:
- perder habilidades já adquiridas
- não se voltar para sons, ruídos e vozes no ambiente
- não apresentar sorriso social
- baixo contato visual e dificuldade em manter olhar sustentado
- baixa atenção ao rosto das pessoas (preferências por objetos)
- não seguir objetos ou pessoas próximos em movimento
- apresentar pouca ou nenhuma vocalização
- não aceitar o toque
- não responder ao nome quando chamado
- não fazer imitações
- interesses não usuais como gostar de estímulos sensório-viso-motores
- incômodo incomum com sons altos
- distúrbio de sono
- irritabilidade no colo e pouca responsividade no momento da amamentação
Quando detectado qualquer atraso, a estimulação precoce é a regra! Retardar a estimulação significa perder o período ótimo de estimular a aquisição de cada habilidade da criança.
O TEA é causado por uma combinação de fatores genéticos e fatores ambientais (entre eles; idade avançada dos pais no momento da concepção, a negligência extrema dos cuidados, exposição a medicações durante a gestação, nascimento prematuro e baixo peso ao nascer).
São sinais de alerta na avaliação:
Aos 6 meses:
Poucas expressões faciais
Baixo contato visual
Ausência de sorriso social
Pouco engajamento sociocomunicativo
Aos 9 meses:
Não balbucia "mama" "papa"
Não olha quando chamado
Não olha para onde o adulto aponta
Pouca ou nenhuma imitação
Aos 12 meses:
Não emite nenhum som
Não realiza gestos como mandar beijo ou dar tchau
Não fala mamãe, papai
Na consulta de rotina, assim que a criança apresenta comprovados atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor, ela deve ser encaminhada para um serviço de estimulação interdisciplinar especializado e para avaliação e acompanhamento com o especialista.
Em relação às questões sensoriais, crianças com TEA podem apresentar:
- Fraqueza: dificuldade em carregar objetos mais pesados, fraca preensão
- Não toleram toque, não gostam de andar descalços, tem medo de altura ou movimento
- Comem apenas alguns sabores e escolhem os alimentos pela textura
- Se incomodam muito com barulho, tampam os ouvidos com as mãos, se incomodam com luzes
- Ficam muito excitados durante atividades com movimento
- Não respondem quando são chamados e apesar da audição boa, parecem não ouvir bem
O tratamento padrão-ouro para o TEA é a intervenção precoce, que deve ser iniciada tão logo haja suspeita ou após o diagnóstico feito por uma equipe multidisciplinar. Ele visa aumentar o potencial do desenvolvimento social e da comunicação da criança, proteger o funcionamento intelectual, reduzindo danos, melhorar a qualidade de vida e treinar a autonomia da criança.
Caso tenha alguma dúvida ou suspeita, sempre converse com seu pediatra!
Dra. Marith Berber
Pediatra e Intensivista
CRM 113.494 / RQE 29.387 / RQE 29.387-1