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Rotina Neonatal

A chegada do bebê é sempre um momento muito especial na vida de toda família! Saiba quais são os testes que fazem parte da avaliação inicial e entenda um pouquinho sobre cada um deles !

Teste do Olhinho (Teste do Reflexo Vermelho)
O Teste do Reflexo Vermelho, também conhecido com Teste do Olhinho, é uma triagem com o objetivo de rastrear alterações nos olhos com risco de desenvolver ambliopia (baixa visão) ou deficiência visual (cegueira). As principais causas de cegueira tratável no mundo são catarata, retinopatia da prematuridade e glaucoma.
Esse teste é realizado projetando-se uma luz nos olhos do bebê, com um aparelho chamado oftalmoscópio. Essa luz chega até a retina e gera um reflexo.
O resultado é normal quando em ambos os olhos se observa um reflexo vermelho brilhante. Quando há ausência ou reflexo duvidoso em um ou nos dois olhos é recomendada a avaliação por um oftalmologista.

Teste do Coraçãozinho (Oximetria de pulso)
O teste do coraçãozinho tem o objetivo identificar malformações graves do coração, as chamadas cardiopatias congênitas , como a Transposição das grandes artérias, a Atresia pulmonar, a Síndrome de hipoplasia do coração esquerdo e a Coartação de aorta. O diagnóstico precoce delas é essencial, visto que 30% desses recém-nascidos podem evoluir com graves complicações.
Nessas cardiopatias, há uma mistura de sangue entre as circulações do corpo e do pulmão (sistêmica e pulmonar) ocasionando uma queda da taxa de oxigenação do sangue. Para realizar o teste, aferimos a saturação de oxigênio no membro superior direito e em um dos membros inferiores do bebê. O teste deve ser realizado após 24h de vida, antes da alta do hospital. O resultado é normal quando a saturação for maior ou igual a 95% em ambas as medidas e tiver uma diferença menor que 3% entre elas.
No caso da saturação baixa (abaixo de 95%) ou quando a diferença entre os valores medidos for igual ou maior que 3%, deve-se realizar uma nova medida após 1 hora. Se o resultado for o mesmo, é considerado anormal e é recomendado a realização de um ecocardiograma.

Teste da Orelhinha (Triagem Auditiva Neonatal)
O Teste da Orelhinha, ou “exame de emissões otoacústicas evocadas”, é o método mais moderno para constatar problemas auditivos nos recém-nascidos. Ele consiste na produção de um estímulo sonoro e na captação do seu retorno por meio de uma delicada sonda introduzida na orelhinha do bebê. É rápido, seguro e indolor poder ser feito durante o sono, não exigindo sedação. É importante ressaltar que a presença de vérnix ou secreções no canal auditivo, logo depois do nascimento, podem gerar alterações no resultado. Nestes casos o teste deve ser retardado ou repetido.
Essa triagem deve ser realizada no primeiro mês de vida do recém-nascido, de preferência antes da alta hospitalar. Ela visa a detecção precoce da perda (total ou parcial) da audição. Esta perda, se não diagnosticada no início da vida, pode prejudicar o desenvolvimento da criança, principalmente da fala e da linguagem.                                       

Teste da Linguinha
O teste da linguinha é um teste que tem por objetivo diagnosticar de forma precoce alguns problemas e limitações da língua, que podem ser causadas por deformações no frênulo lingual (aquela parte de baixo da língua, que muitos chamam de “freio”), levando à língua presa. Nos bebês, esse problema pode comprometer funções importantes como sugar, engolir, falar ou mastigar, prejudicando a alimentação e, posteriormente, a fala.
O exame é feito após o nascimento e idealmente até os primeiros 5 a 6 dias de vida, é rápido e totalmente indolor para a criança. Dependendo do diagnóstico obtido, o fonoaudiólogo e o pediatra podem recomendar o início do tratamento indicado. Em alguns casos, se houver dano no frênulo, é realizada uma cirurgia para a correção do problema, chamada de frenectomia ou “pique no freio”.
O teste da linguinha é muito importante, pois ele garante que a amamentação, fundamental do nascimento aos 6 primeiros meses de vida, não será prejudicada. Por isso, ele deve ser feito o mais cedo possível, pois é nele que se concentra a dificuldade ou não do bebê em sugar o seio.

Teste do Quadril (Ortolani)
O Teste de Ortolani, como também é chamado, diagnostica, por meio de flexões das perninhas das crianças, a estabilidade do quadril, mostrando se há luxação. O termo mais utilizado hoje para esta doença é Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ). Não diagnosticá-la na faixa etária que elas demonstram seus primeiros sinais, pode levar à graves repercussões clínicas no adulto. A dor decorrente do encurtamento do membro e a osteoartrose precoce podem ser algumas das consequências. Sendo constatada a doença, o tratamento deve ser iniciado imediatamente com o objetivo de reduzir a articulação e estabilizar o quadril em uma posição segura, através do uso de um suspensório.
No caso de um teste de Ortolani positivo, o bebê deverá ser encaminhado para seguimento com ortopedista infantil.

Teste do Pezinho
O teste do pezinho, é um teste realizado com algumas gotas de sangue do calcanhar do bebê e engloba um conjunto de exames laboratoriais realizados logo após o nascimento ou nas primeiras semanas de vida do bebê, sendo o período ideal entre o 3º e o 7º dia de vida. Com um procedimento simples e rápido, é possível identificar precocemente doenças genéticas, metabólicas, endócrinas e infecciosas, que podem pôr em risco a vida ou prejudicar os desenvolvimentos somático, neurológico ou psíquico do recém-nascido.
O teste básico, oferecido pelo SUS, detecta 6 tipos de doenças:
1) Fenilcetonúria: as crianças com essa doença não conseguem desmanchar a fenilalanina, uma substância existente no sangue. Assim, esta substância se acumula no organismo, especialmente no cérebro, levando à deficiência mental. O diagnóstico e o tratamento precoce podem evitar totalmente o retardo mental.
2) Hipotireoidismo Congênito: é causado pela ausência ou pela reduzida produção do hormônio da tireoide. Este hormônio é importante para o amadurecimento e funcionamento de vários órgãos, em especial o Sistema Nervoso Central. A falta do hormônio provoca retardo neuropsicomotor acompanhado de lesões neurológicas irreversíveis, além de outras alterações corporais. O diagnóstico e o tratamento precoce podem prevenir o retardo mental nas crianças que apresentam esta doença.
3) Doença Falciforme (Hemoglobinopatias): a doença falciforme é mais comum na população negra, é transmitida pelos pais e nela os glóbulos vermelhos, diante de certas condições, alteram sua forma, tornando-se parecidos com uma foice  (por isso o nome falciforme). Estes glóbulos alterados grudam-se uns nos outros, dificultando a passagem do sangue nos pequenos vasos do corpo, levando ao aparecimento de dor e inchaço nas juntas, anemia e infecções. O portador da doença falciforme, desde que diagnosticado precocemente e acompanhado periodicamente pela equipe de saúde, pode ter uma vida normal.
4) Fibrose Cística: é uma desordem genética caracterizada por infecções crônicas das vias aéreas, que afeta especialmente os pulmões e o pâncreas, num processo obstrutivo causado pelo aumento da viscosidade do muco. O tratamento do paciente com Fibrose Cística consiste em suporte dietético, utilização de enzimas pancreáticas, suplementação com vitaminas e fisioterapia respiratória.
5) Hiperplasia adrenal congênita (HAC): Engloba um conjunto de síndromes, que se caracterizam por diferentes deficiências enzimáticas na produção de hormônios das glândulas adrenais. Com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, é possível melhorar o padrão de crescimento, que pode ser normalizado, na maior parte dos casos. As manifestações clínicas da doença dependem da enzima envolvida e do grau de deficiência enzimática (se total ou parcial). O tratamento deve ser contínuo ao longo da vida.
6) Deficiência de biotinidase: Há um defeito no metabolismo da biotina. A doença se manifesta a partir da sétima semana de vida, com crises convulsivas, hipotonia (diminuição do tônus muscular e da força), microcefalia (cabeça de tamanho reduzido), atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, alopecia (perda de pelos e/ou cabelos) e dermatite. Nos pacientes com diagnóstico tardio, observa-se distúrbios visuais e auditivos, assim como atraso motor e de linguagem. O tratamento medicamentoso é muito simples, de baixo custo e consiste na utilização de biotina (vitamina) em doses diárias.
Hoje em dia, existem testes bem mais completos, oferecidos pelos laboratórios particulares. As nomenclaturas abaixo se referem aos testes coletados pela APAE- Bauru mas outros laboratórios possuem testes semelhantes. 

Plus + G6PD (34 exames) - Além de detectar mais doenças em comparação ao exame oferecido pela rede pública, o Teste do Pezinho Plus dá a possibilidade do início do tratamento preventivo imediato, uma vez que o resultado é liberado em até 10 dias úteis, aumentando as chances de um desenvolvimento normal e melhorando a qualidade de vida do recém-nascido.

Master (38 exames) - No Teste Master são realizados, além dos exames do Teste Plus, mais quatro exames para diagnosticar doenças infecciosas congênitas.

Master + Tandem – Ultra (+ de 70 exames) - Mais amplo, o Teste do Pezinho Master + Tandem realiza os exames do teste Plus + Master e a verificação de erros inatos do metabolismo raros, pelo método de Tandem (uma extensa pesquisa de erros inatos de metabolismo por uma tecnologia amplamente usada de triagem neonatal nos Estados Unidos e Europa), o que aumenta a possibilidade de detecção precoce de doenças raras.

Premium (+ de 100 exames) - É o mais completo, abrangendo todas as doenças dos exames anteriores e mais a avaliação de imunodeficiências verificação de doenças lisossômicas de depósito e o diferencial do diagnostico prévio da atrofia muscular espinhal.

SCID e AGAMA - Imunodeficiência Combinada Grave (SCID) e Agamaglobulinemia (Agama) são doenças genéticas onde célulasT e/ou B e anticorpos protetores não são produzidos. A ausência dessas células deixa o bebê desprotegido e completamente vulnerável a vírus, bactérias e fungos. A maioria dos recém-nascidos com SCID ou Agama parecem saudáveis ao nascer, pois o sistema imunológico da mãe o protege de infecções em suas primeiras semanas de vida, entretanto, sem tratamento, até mesmo infecções comuns podem trazer sérias complicações para a saúde.

 

Dra. Marith Berber
Pediatra e Intensivista
CRM 113.494 / RQE 29.387 / RQE 29.387-1